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Concluídas

A antiga Fábrica de Chocolates Bherind: velhas receitas, novos ingredientes?
Marilane Abreu Santos

A pesquisa realizada possui como objeto de estudo a antiga Fábrica de Chocolates Bhering, situada na região portuária da cidade do Rio de Janeiro, palco de grandes mudanças no cenário contemporâneo, com os projetos do governo influenciados por grandes eventos esportivos. Ao longo dos anos a Bhering deixou de ser uma indústria de alimentos e encontra-se hoje num processo de transformação num centro de Produção Artística.

O Amálgama: Especulações acerca da proposta colaborativa: "Atrocidades Maravilhosas" 
Ana Emília da Costa Silva 

A presente dissertação trata de propostas artísticas destinadas ao espaço público e que se organizam enquanto trabalhos colaborativos. Pretendemos situar a ação Atrocidades Maravilhosas (2000) enquanto proposta modificada e modulada conforme o interesse dos artistas participantes, bem como as condições ambientais as quais a ação estava sujeita. Por essa via, a investigação problematiza contextos culturais dos anos 1990 e 2000, mais especificamente, às unidades discursivas que contribuem para refletirmos sobre as “ações coletivas”. Pelas considerações de autores como Clair Bishop, Miwon Kwon, André Mesquita e Steward Home, pretende-se pensar o espaço artístico contemporâneo ante à mercantilização da cultura vigente. Nesse ínterim, será questionada a identificação e a identidade entre atores sociais, bem como a relação entre os artistas e os espaços culturais os quais se destinam algumas propostas artísticas. Essa investigação adentra o território brasileiro do início do anos 2000 e, aponta por esse contexto, as afinidades de alguns coletivos com propostas artísticas em outras partes do mundo. Essa pesquisa trata ainda de assuntos tangente às negociações e conflitos inerentes aos projetos colaborativos – a partir deles pretendemos repensar o espaço comunicacional ativado por esses grupos, buscando na descentralização dos discursos, a potência dos dissensos. Pretendemos, com esse panorama iluminar nas ações de participação efetiva, não as novas respostas ao projeto de democratização ou inclusão de culturas periféricas, mas novas perguntas sobre o antigo problema acerca da colonização cultural da arte.


 

O juízo estético como dispositivo e seu eventual escape: uma reflexão a partir de obras de Cildo, Barrio e Boal
Guilherme Delgado 

Esta pesquisa nasceu de uma inquietação em relação a três obras: Inserções em Circuitos Ideológicos, de Cildo Meireles; Situação T/T' (e as demais variações com trouxas ensanguentadas), de Artur Barrio; e o Teatro Invisível (que não é exatamente uma obra, mas um programa para a realização de performances), de Augusto Boal. São trabalhos realizados no fim dos anos sessenta, no caso dos dois primeiros, e no início dos setenta, no caso do encenador. Agora, quarenta e poucos anos após seu acontecimento, elas surgem em diversas pesquisas acadêmicas como objeto de teses; em várias propostas artísticas contemporâneas, como referências releituras ou inspirações; e, em um sentido mais amplo,como casos paradigmáticos de um certo momento da história da arte (brasileira, latino-americana, ou “internacional”). Enquanto Cildo e Barrio surgem como expoentes de um determinado momento de efervescência criativa ligado ao MAM, Boal constrói as bases de uma segunda fase de sua carreira, não mais no já extinto Arena, mas como articulador das práticas do Teatro do Oprimido. Através de uma leitura muito simplista, pode-se dizer que os primeiros organizam sua produção levando em conta as possibilidades abertas pelo neoconcretismo, enquanto Boal rearticula outras formas de lidar com sua herança brechtiana. Seguindo o mesmo entendimento excessivamente reducionista, os três reagem estética e politicamente ao golpe de 64 e, especialmente, ao AI-5.

Não que estas afirmações sejam falsas, no entanto, muitas vezes elas abdicam de refletir sobre outras questões que atravessam estas e outras obras desse mesmo período. Minha inquietação vai na direção da maneira como estes trabalhos se relacionaram, ou ao menos pretenderam se relacionar com seus receptores. Nos três casos, várias das pessoas que tiveram contato com os trabalhos não sabiam estar perante uma obra de arte, ou perante algo que ao menos se intitulava como tal. Entretanto, a reação destes receptores “involuntários e inconscientes” tornou-se parte relevante do próprio acontecimento destes trabalhos. O Teatro Invisível é calcado na maneira como  pessoas reagem a atores sem saber que eles estão performando e improvisando a partir de uma situação previamente combinada entre eles. As trouxas ensaguentadas, no momento em que foram espalhadas pelas ruas do Rio de Janeiro foram encontradas por pessoas que não sabiam (e não tinham a menor possibilidade de saber) que elas haviam sido parte de um trabalho de um jovem artista que resolveu deslocá-las do MAM para outros pontos da cidade. E as garrafas de Coca-Cola com inscrições pró-revolucionárias, tenham elas circulado fora do museu ou não, têm boa parte do seu apelo ligado à possibilidade de sua inserção neste circuito não-artístico. Contudo, e os receptores que tiveram esta reação “involuntária e inconsciente”? Não teriam sido eles manipulados por estes trabalhos? As propostas lúdicas que atravessavam o neoconcretismo e o Arena ainda estavam presentes neste tipo de relação com parte dos receptores? Destas questões parte esta pesquisa. Gostaria de seguir o rumo de uma reflexão que partisse não das especificidades sócio-históricas nacionais, mas que tomasse algumas questões que surgiram no campo da teoria da arte como suporte para esta pesquisa. Para tanto, apoio-me na teoria de Thierry de Duve, que em Kant after Duchamp, tenta retomar a noção de juízo estético, transformando-a para que se torne adequada para a arte moderna e contemporânea. Minha questão central é pensar em que medida as obras que desejo abordar fogem dessa possibilidade de juízo e que tipo de ressonância política pode ser extraída desta fuga.

Arte e Ativismo no Oriente Médio
André Camello Costa

Qual a real possibilidade de interseção entre arte e ativismo político; o que resta como expressão artística quando se extrai o discurso político de uma obra, e qual a dimensão do impacto das ações e táticas ativistas são algumas das propostas de investigação da pesquisa, que analisa ações atravessadas e entrelaçadas entre diversas expressões (pintura, vídeo, arte conceitual, grafitti) e ativismo político na região do Oriente Médio, a começar pelo início das manifestações (em 2011) que redundaram no que se convencionou chamar então de 'Primavera Árabe' (termo que caiu em desuso, graças à revelação a posteriori da verdadeira natureza dos comprometimentos da agenda política da região), até os dias atuais, em tempos de conflitos em Gaza, na Síria e no Iraque e nos acampamentos nômades no deserto do Saara, através do acompanhamento de publicações, vídeos e informes das bienais internacionais no período, da atividade dos artistas exilados, dos episódios de censura e de destruição do patrimônio artístico e dos bastidores da filmagem do documentário de Marco Wilms, 'Art War', sobre os artistas egípcios. A pesquisa também explora possíveis tensões fronteiriças, o embate entre as noções sobre Ocidente e Oriente, e novas possibilidades de uma arte ativista sob a luz dos escritos de Hakim Bey.


 


 
Desdobramentos estéticos: coletivos culturais, arte e cidade
Luiza Angelo Oliveira

Esta pesquisa apresenta uma reflexão sobre os desdobramentos que surgem na cidade do Rio de Janeiro à partir da multiplicação de movimentos de ocupação do espaço urbano, especialmente por coletivos culturais da cidade. O papel das instituições no mercado de arte foi questionado diversas vezes na história e, ainda hoje, elas se constituem como uma estrutura forte na sociedade. Em paralelo à isso, vemos surgir um crescente movimento que busca a emancipação desses canais de cultura, os quais limitam o acesso do público à pluralidade de manifestações artísticas e, do artista ao público. O espaço urbano é palco para a concretização de boa parte dos ideais desses movimentos, o qual favorece a democratização do acesso a essas manifestações e implica a reflexão sobre as fronteiras do público e privado, interesses individuais e coletivos e sobre memória e afetos. Por meio de uma revisão bibliográfica associada à conversas e entrevistas, que ocorreram, em sua maioria, em eventos que promovem esses novos espaços de trocas e ocupação cultural, esse projeto busca compreender a atuação desses grupos, e as consequências dela, no cenário de cultura carioca. Esses movimentos tem no meio digital, como blogs e o sites de relacionamentos, importantes formas de articulação e exposição de seus projetos, porém, é no espaço físico que as trocas culturais e o fazer artístico se realizam. Com uma forte potência de ação, esses coletivos se pautam no livre acesso às suas práticas, no diálogo horizontal e na busca de construir o novo. Estimulando assim a descentralização dos focos culturais e ampliando os circuitos de arte, não por meio de uma participação em massa de um projeto específico, e sim pela multiplicação desses espaços de troca. No cenário atual da cidade, o qual vem sendo local de grandes transformações físicas, políticas e sociais, o debate acerca da construção de identidades coletivas, de identificação com o espaço e indivíduos do espaço ao qual vivenciamos e sobre a liberdade de se manifestar publicamente e absorver cultura, no contexto urbano em que nos é imposto imagens e estímulos visuais de todo o tipo, precisa ser constantemente estimulado e desenvolvido.
 


 
Livros de artistas de Anna Bella Geiger e suas implicações políticas
Jade Medeiros

 

 O objetivo do projeto de pesquisa em questão será investigar a potência política dos livros de artista produzidos pela artista Anna Bella Geiger durante a década de 70, no contexto da ditadura militar no Brasil, considerando as particularidades desta produção no espaço geográfico periférico em relação aos centros artísticos europeus e norte-americanos. A vanguarda conceitual começa a se expressar entre as décadas de 60 e 70 nos grandes centros de produção de arte. Devido aos questionamentos do objeto de arte e da linguagem como forma artística é possível conceber o livro de artista como um gênero autônomo que possui grande capacidade de proliferação e de promoção de consciências alternativas ao modelo político vigente. Os “caderninhos”, como são chamados pela própria Anna Bella Geiger seus livros de artista por se assemelharem a cadernos escolares, no entanto são produzidos na periferia do mundo: Brasil, América Latina. Neste país, durante os anos 60 e 70, o modelo político é a ditadura militar e a principal proposta da artista é uma pedagogia subversiva, que vai de encontro à coerção doutrinária imposta pelo governo. Além do que, os “caderninhos” encontram outras singularidades na produção e na circulação típicas do espaço periférico e latino americano que habitam. Ao contrário de livros de artista europeus e estadunidenses que circularam como publicações reprodutíveis, os objetos de Anna Bella Geiger são peças únicas com qualidade artesanal e são expostos em espaços tradicionais como instituições, museus e galerias. Portanto, esta pesquisa pretende questionar e considerar a possível ineficiência do projeto inicial da artista com esses “caderninhos”, já que as tiragens previstas não se concretizaram e a circulação foi limitada a um pequeno grupo de artistas, colecionadores e intelectuais. Assim como, fazer as comparações cabíveis entre o pensamento conceitual central e as reverberações deste pensamento na periferia do mundo.


 









 




 


 

Walter Benjamin não é exatamente o primeiro a tratar das implicações das revoluções nas tecnologias de reprodução. Seu trabalho pode e deve ser enquadrado numa certa genealogia de pensamento sobre o assunto que passa por nomes como Leo Kestenberg, em sua antologia Kunst und Technik. Todavia, é provavelmente o primeiro a sistematizar tais  mudanças e suas implicações para a arte, em uma abordagem transdisciplinar, que abarca campos tão variados quanto ciência, história, literatura, sociologia e economia. A despeito das grandes modificações no cenário político mundial, especialmente a partir da falência do Estado de Bem-Estar Social, na segunda metade dos anos 70 do século passado e consequentes instauração do neoliberalismo e disseminação do capitalismo como “modelo econômico global”, assim como do acirramento das técnicas reprodutivas com a internet; tratar de Benjamin ainda é tarefa atualíssima e relevante para melhor compreensão dos lugares de tecné e poiesis, aparentemente divorciadas no advento das sociedades industriais. Os objetivos dessa pesquisa são, portanto, analisar conceitos ativados pelo texto benjaminiano, como aura e producão a partir do foco contemporâneo, bem como investigar certos lugares-problema de seu pensamento, como a apropriação das idéias brechtianas, sua fusão com a mística judaica e o Marx dos Manuscritos. A metodologia compreende a comparação de textos do próprio Benjamin, especialmente uma leitura do texto consolidado de “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, “O surrealismo: O último instantâneo da inteligência europeia” e “O autor enquanto produtor”. Os resultados obtidos são uma leitura ampliada dos conceitos apresentados, bem como a problematização da ideia de “narrativa”. Do variado arcabouço de ideias benjaminianas, sobressaem, na passagem da sociedade industrial para a de consumo, a necessidade de uma arte que ouse ainda posicionar-se, mesmo que de maneira não institucionalizada, face a uma pressuposta onipresença do mercado e/ou da indústria cultural.

Esta pesquisa apresenta uma reflexão sobre os desdobramentos que surgem na cidade do Rio de Janeiro à partir da multiplicação de movimentos de ocupação do espaço urbano, especialmente por coletivos culturais da cidade. O papel das instituições no mercado de arte foi questionado diversas vezes na história e, ainda hoje, elas se constituem como uma estrutura forte na sociedade. Em paralelo à isso, vemos surgir um crescente movimento que busca a emancipação desses canais de cultura, os quais limitam o acesso do público à pluralidade de manifestações artísticas e, do artista ao público. O espaço urbano é palco para a concretização de boa parte dos ideais desses movimentos, o qual favorece a democratização do acesso a essas manifestações e implica a reflexão sobre as fronteiras do público e privado, interesses individuais e coletivos e sobre memória e afetos. Por meio de uma revisão bibliográfica associada à conversas e entrevistas, que ocorreram, em sua maioria, em eventos que promovem esses novos espaços de trocas e ocupação cultural, esse projeto busca compreender a atuação desses grupos, e as consequências dela, no cenário de cultura carioca. Esses movimentos tem no meio digital, como blogs e o sites de relacionamentos, importantes formas de articulação e exposição de seus projetos, porém, é no espaço físico que as trocas culturais e o fazer artístico se realizam. Com uma forte potência de ação, esses coletivos se pautam no livre acesso às suas práticas, no diálogo horizontal e na busca de construir o novo. Estimulando assim a descentralização dos focos culturais e ampliando os circuitos de arte, não por meio de uma participação em massa de um projeto específico, e sim pela multiplicação desses espaços de troca. No cenário atual da cidade, o qual vem sendo local de grandes transformações físicas, políticas e sociais, o debate acerca da construção de identidades coletivas, de identificação com o espaço e indivíduos do espaço ao qual vivenciamos e sobre a liberdade de se manifestar publicamente e absorver cultura, no contexto urbano em que nos é imposto imagens e estímulos visuais de todo o tipo, precisa ser constantemente estimulado e desenvolvido.

 




 
Walter Benjamin: Arte, política e a invenção da técnica
Adalgiso Pereira de Souza Júnior
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