Biblioteca
Textos de referência para pesquisas.
Suely Rolnik 2016
Fortes ventos críticos têm agitado o território da arte, desde o início da década de 1990. Com diferentes estratégias, das mais panfletárias e distantes da arte às mais contundentemente estéticas, tal movimentação dos ares do tempo tem, como um de seus principais alvos, a política que rege os processos de subjetivação – especialmente o lugar do outro e o destino da força de criação – própria do capitalismo financeiro que se instalou no planeta a partir do final dos anos 1970. O enfrentamento deste campo problemático impõe a convocação de um olhar transdisciplinar, já que estão aí imbricadas inúmeras camadas da realidade, no plano tanto macropolítico (fatos e modos de vida em sua exterioridade formal, sociológica), quanto micropolítico (forças que agitam a realidade, dissolvendo suas formas e engendrando outras, num processo que envolve o desejo e a subjetividade). (...)
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André Mesquita 2013
Tese de Doutorado de André Mesquita em História Social na USP, na qual realiza pesquisas sobre as relações entre arte contemporânea e ativismo político, com foco na cartografia crítica.
André mesquita é autor do livro Insurgências Poéticas: Arte Ativista e Ação Coletiva (Annablume, 2011), integrante da Rede Conceitualismos do Sul e participa de experiências coletivas relacionadas a práticas de democracia direta, autogestão e movimentos sociais.
Michael Asbury 2014
Que Hélio Oiticica conclamou ativamente um boicote dos artistas à Bienal de São Paulo de 1969 em oposição à censura e à repressão instauradas pelo regime militar no Brasil é um fato histórico inegável.1 No entanto, sua visão política vai muito além da mera oposição à ditadura.
Ao chegarmos aos 50 anos do golpe de Estado no Brasil, testemunhamos uma série de incidentes que nos convidam a pensar na relação de Oiticica tanto com aquele momento histórico quanto com os debates da atualidade. Nesse sentido, seu famoso lema “Seja marginal, seja herói” ainda possui muito de sua força original se pensarmos nas recentes apologias à violência dos autodenominados justiceiros, como o slogan“Adote um bandido”, que foi ampla e vergonhosamente difundido pela grande imprensa brasileira.
Colaboração, arte e subculturas
Grant H. Kester
As práticas artísticas colaborativas e coletivas têm experimentado uma espécie de renascença nos últimos dez anos. Apesar de muitas dessas práticas incluírem colaborações entre artistas, minha preocupação principal aqui envolverá projetos onde artistas colaboram com indivíduos e grupos de outras subculturas sociais e políticas. Trata–se de um fenômeno eminentemente global, que vai desde o trabalho do Sarai Media Lab com comunidades da cidade de Delhi, até a Casa de Concreto de Chumpon e Chantawipa Apisuk, na cidade de Bangcoc, incluindo as colaborações de Huit Facettes–Interaction em aldeias em Dacar.